O Mar de Aral
O mar de Aral, na região desértica da Ásia Central, na ex-União Soviética, é um contínuo desastre humano e ambiental.
Em 1960 era o quarto maior lago do mundo. Desde então, seu tamanho diminuiu drasticamente, dos 67.000 Km² iniciais para cerca de 34.000 Km² atuais e, assim, é hoje o sexto maior lago do mundo. Atualmente, ele está dividido em duas bacias separadas: uma menor ao norte e uma maior ao sul. A continuar os atuais índices de redução o mar de Aral pode desaparecer dentro de trinta anos.
O que causou tamanho desastre?
Por milhares de anos, o mar de Aral foi alimentado por dois grandes rios, o Amu Dar'ya e o Syr Dar'ya. Os afluentes que formam ambos os rios nascem nas montanhas a sudeste e correm para o mar de Aral ao norte, por mais de 2.000 Km, através dos desertos de Kyzyl kum e kara Kum. Até o inicio do século XX, havia um equilíbrio entre a água fornecida pelos rios Amu Dar'ya e o Syr Dar'ya e o índice de evaporação do mar de Aral, que não possui escoadouro. Entretanto, para que a União Soviética pudesse se tornar auto-suficiente na produção de algodão, foi decretado, em 1918, que as águas dos dois rios que supriam o mar de Aral fossem desviadas para irrigar os milhões de acres de plantações. Como resultado dessa decisão, o mar de Aral se tornou um pesadelo ecológico e ambiental, afetando cerca de 35 milhões de pessoas.
À medida que o mar de Aral encolhe, vastas áreas do fundo do mar, anteriormente submersas, ficam expostas. Esse novo sedimento, longe de ser rico e produtivo, contém grande quantidade de cloreto e sulfato de sódio. A concentração de sal é tão alta que somente uma espécie de planta cresce nele. Ou seja, é muito salgado para qualquer outra coisa. Por outro lado, o vento que sopra por essas terras, quase desérticas, levanta o sal e a poeira que são carregados por toda a região do Aral. Os sais causam grande prejuízo à safra do algodão e também afetam a vegetação da bacia do Aral. Além disso, cobram um alto preço dos seres humanos: a seca e a poeira salgada têm causado doenças respiratórias e oftalmológicas. Casos de câncer de garganta têm aumentado, dramaticamente, nos últimos trinta anos. A água potável da região tornou-se tão contaminada que muitas pessoas sofrem de distúrbios intestinais. A despeito desses danos causados à região pelo moribundo mar de Aral, a irrigação para a produção do algodão continua. O solo em muitos dos campos vem se tornando cada vez mais salgado em razão dos baixos níveis de água corrente e subterrânea, exigindo, portanto, mais irrigação para manter os mesmos níveis de produção. Isso significa que mais água é desviada do mar de Aral, fazendo que ele se reduza ainda mais.
A diminuição progressiva do Mar de Aral
O mar de Aral poderia ser salvo?
Somente por meio de um esforço concentrado e cooperativo dos países que constituem a bacia do Aral. Percebendo isso, os novos Estados independentes, Cazaquistão, Uzbequistão, Quirguistão, Tadjiquistão e Turcomenistão, deram os primeiros passos, assinando um acordo formal em 1992 para compartilhar as águas do Amu Dar’ya e Syr Dar’ya. Adicionalmente, esses Estados participam de uma discussão para criar um conselho que venha supervisionar e coordenar o gerenciamento dos recursos da bacia. Ainda que a recuperação completa do mar de Aral não seja possível, é viável manter a superfície atual e, até mesmo, elevar o nível do pequeno mar de Aral do norte. Se isso for conseguido, os níveis atuais de salinidade serão reduzidos.
Fonte: Fundamentos de Geologia - Reed Wicander & James S. Monroe - adaptado com autorização de Stephen Dutch, James S. Monroe e Joseph Moran, Earth Science (Minneapolis/St. Paul: West Publishing Co.).